A BASE DA PIRÂMIDE

A sociedade é como uma pirâmide humana. Quem está no topo precisa pisar firme nos que estão na posição intermediária, pois esta é composta por aqueles que estão mais próximos de tomar-lhe o poder, chegando ao cume. E os que estão na posição intermediária, ao mesmo tempo em que se agarram às pernas do que está em cima, tentando a todo momento puxá-lo para baixo, precisam calcar aqueles que estão na base, para impedir que estes consigam subir uma posição e igualmente briguem pelo topo.

Como a base é mais larga e muito mais numerosa, é preciso mantê-la pacificada, pois uma revolta pode significar a queda daquele que está no topo e a volta dos da intermediária ao solo. Todos no chão, igualdade de condições. Em outras palavras, isso significa revolução. Essa ideia tem que ser mantida escondida. E uma forma fácil é “demonizando-a”, doutrinando os indivíduos, mantendo-os ocupados com preocupações menores.

E foi assim que o esquema da pirâmide social foi mantido no Brasil. Fácil, fácil. Quem está na base não pode ter a noção de que aquele que está em cima assim se mantém às custas de sua força, e de sua ignorância quanto ao esquema. Uma base sólida e forte mantém a estrutura da pirâmide. Mas a pirâmide pode ruir, basta que a base tenha noção disso.

JOÃO PAULO DA CUNHA GOMES – Professor de História -. Formado pela “FEUC – Faculdade Euclides da Cunha”.

Sobre socialistalivre

Esse Blog está a serviço da Luta pelo Socialismo. Defendemos a plena liberdade do ser humano, mas somos radicalmente contra a liberdade de explorar, como a burguesia faz, e contra a liberdade de oprimir como os machistas fazem, os racistas fazem, os homofóbicos fazem, os praticantes de bullying fazem, os preconceituosos fazem, os possessivos fazem e os autoritários de plantão fazem. Assim, defendemos que cada corpo-consciência deve ter liberdade de ser o que ESCOLHE SER, desde que esta liberdade não oprima e explore os outros! Defendemos a plena liberdade de postura crítica e a plena democracia operária, todos devem ter o direito de expressar o que pensam! Defendemos a Revolução Socialista e a necessidade de libertação da classe trabalhadora do jugo do capitalismo. No entanto,somos contra comandos de hierarquias políticas ou de figuras públicas mais poderosas no seio dos lutadores que travam a batalha pelo socialismo. Defendemos que cada militante deve ousar pensar por si mesmo, cada militante deve ter o direito de concordar, mas também de discordar daquilo que julga equivocado, por isso nos definimos como Socialistas Livres e esse Blog está a serviço dos que desejam militar de acordo com essa concepção. Convidamos a todos a conhecerem nosso jeito diferente de entender e de praticar a política socialista, com liberdade, democracia operária, direito de crítica e respeito ao diferente. Saudações Socialistas Livres.
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3 respostas para A BASE DA PIRÂMIDE

  1. Professor João Paulo!
    Sendo um professor de história, confesso que não resisti a tecer comentários. Sabe porque? Meu professor de história socialista mentiu para mim. Como todo professor de história socialista, sempre muito arguto e rascante em seu sarcasmo (o qual vários ainda não perceberam).
    Vamos lá:
    Capitalistas e empreendedores não exploram nenhum trabalhador.
    Por definição, o capitalista é quem detém o capital e os meios de produção, o empreendedor é quem elabora e executa um plano de investimento — também chamado de empreendimento —, e o proletário é a mão-de-obra contratada para ajudar no empreendimento.

    A propaganda socialista popularizou a ideia de que o capitalista e o empreendedor exploram o trabalhador apropriando-se de parte de seu salário na forma de lucro. De acordo com este raciocínio, o operário constitui um elemento essencial do processo de geração de riqueza, mas ele é prejudicado porque surge um parasita, o capitalista, que o impede de reter a totalidade dos frutos de seu trabalho. A realidade, no entanto, é bem outra.

    Trabalhar só por trabalhar, isto é, a simples aplicação de esforço em alguma atividade, não necessariamente gera riqueza. Se gerasse, as centenas de milhares de imóveis que foram construídas na Espanha durante a bolha imobiliária da década passada ou os vários aeroportos regionais que também foram construídos neste período utilizando o trabalho humano mas que hoje estão vazios e se revelaram desnecessários seriam vistos hoje como monumentos à prosperidade universal. Mas a realidade é mais sombria: todos estes investimentos representaram uma enorme dilapidação de recursos escassos, recursos estes que poderiam estar hoje sendo utilizados em outras indústrias mas estão imobilizados nestes empreendimentos desnecessários.

    É correto dizer que o trabalho ali empreendido foi uma completa perda de tempo. Sendo assim, se todos os trabalhadores que foram empregados nestes projetos tão despropositados houvessem sido empregados em outras finalidades mais úteis, toda a sociedade — começando pelos próprios trabalhadores — teria sido beneficiada por esta boa alocação de esforços.

    Que o trabalho seja em muitos casos uma condição necessária para gerar riqueza não significa que ele seja uma condição suficiente. É verdade que, antigamente, em uma ordem social extremamente simples e primitiva, praticamente qualquer trabalho permitia a geração de riqueza: as necessidades urgentes não satisfeitas (alimentação, vestuário, abrigo, ornamentação etc.) eram tantas, e os meios potenciais para se alcançá-las eram tão escassos e pouco variados (majoritariamente apenas a força bruta), que, com efeito, o único pré-requisito era o esforço físico. A coordenação deste trabalho físico, embora importante, tinha apenas uma função meramente técnica, de modo que era fácil visualizar o esforço humano como sendo uma condição suficiente para melhorar o bem-estar.

    Já em uma ordem social extremamente complexa, as necessidades não-urgentes a serem satisfeitas, bem como os meios disponíveis para se alcançá-las, são de uma variedade tão grande, que a função de selecionar onde a criação de riqueza deve ser maximizada e como isso deve ser feito advém de uma constatação básica: investir recursos em uma linha de produção significa não poder investir esses mesmos recursos em outra linha de produção; ou seja, seguir um determinado curso de ação impede a possibilidade de seguir outros cursos.

    Este é justamente o trabalho fundamental que o capitalista desempenha: como fomentador do empreendedorismo, ele seleciona, por sua própria conta e risco, quais serão aqueles empreendimentos que irão gerar mais valor para os consumidores e que, por isso, merecem receber financiamento. Tais empreendimentos, uma vez colocados em prática por empreendedores, empregarão vários trabalhadores. Da mesma maneira que para se encontrar a saída de uma enorme floresta é preferível ter um bom guia a ficar dando voltas contínuas e sem rumo, na hora de coordenar bilhões de pessoas para gerar riqueza é essencial contar com bons comandantes que evitem o naufrágio deste processo de coordenação social (a famosa “divisão do trabalho”).

    É só então — quando um bom plano empreendedorial já foi criado por algum hábil empreendedor e o financiamento já foi levantado com o capitalista —, que o empreendimento pode começar a ser implantado e os fatores produtivos necessários para implantá-lo são contratados, entre eles os trabalhadores. No entanto, vale enfatizar que o trabalhador é apenas um relevante companheiro de viagem, uma vez que esta viagem já havia sido iniciada antes de ele ser contratado. Se de alguma forma fosse possível prescindir do trabalhador — por exemplo, robotizando sua ocupação —, o capitalista e o empreendedor ainda assim continuariam gerando riqueza com seu empreendimento. Por outro lado, o operário seria incapaz de gerar riqueza sem o capitalista e o empreendedor (a menos que ele se tornasse também um empreendedor autônomo bem-sucedido e elaborasse um plano de negócios tão bom quanto ou melhor que o de seus rivais).

    Consequentemente, são o empreendedor e o capitalista que cedem ao trabalhador parte da riqueza o empreendimento cria: longe de espoliar a mais-valia do proletário, é o trabalhador que fica com uma parte da mais-valia que corresponderia ao capitalista e ao empreendedor. Marx, portanto, entendeu exatamente ao contrário o processo social do capitalismo: o valor não é extraído do proletário para o capitalista e para o empreendedor, mas sim do capitalista e do empreendedor para o proletário.

    Claro que, também ao contrário do que diz a propaganda marxista, em nenhum caso é válido dizer que o trabalhador explora o capitalista e o empreendedor: afinal, as relações trabalhistas são acordos feitos voluntariamente em que todos os lados ganham. Se apenas um dos lados ganhasse, não haveria acordo voluntário. Portanto, trata-se de uma relação na qual não existe parasitismo, mas sim simbiose.

    Em suma, o capitalista é o proprietário do capital (tanto do financiamento quanto dos meios de produção), o empreendedor elabora o plano de negócios, o trabalhador executa o plano em colaboração com vários outros fatores de produção, e o consumidor desfruta a enorme quantidade e variedade de bens assim produzidos. Capitalismo de livre mercado, este é o nome deste arranjo.

    A teoria MARXISTA/SOCIALISTA LIVRE da exploração e a realidade.

    Dentre todas as vituperações e calúnias proferidas contra o capitalismo, a ‘teoria da exploração’ permanece sendo a mais popular — tanto nos círculos acadêmicos quanto entre os desinformados em geral. O mais famoso defensor da teoria da exploração foi Karl Marx.
    De acordo com a teoria da exploração, os lucros — na verdade, quaisquer outras receitas que não sejam convertidas em salário — representam uma dedução injusta daquilo que deveria ser, naturalmente e por direito, o salário do trabalhador.

    Segundo Marx, o que possibilita a um capitalista obter uma renda superior ao salário que ele paga ao seu empregado é exatamente o mesmo fenômeno que torna possível a um dono de escravo auferir ganhos em decorrência do trabalho do seu escravo. Mais especificamente, um trabalhador é capaz de produzir, em menos de um dia inteiro de trabalho, os bens de que ele necessita para ter a força e a energia necessárias para labutar um dia inteiro de trabalho.

    Para utilizar um dos exemplos fornecidos pelo próprio Marx, um trabalhador é capaz de produzir em 6 horas todos os alimentos e todas as necessidades de que ele precisa para ser capaz de trabalhar 12 horas. Estas 6 horas — ou qualquer que seja o número de horas necessárias para o trabalhador produzir essas suas necessidades — são rotuladas por Marx de “tempo de trabalho necessário”. Já as horas que o trabalhador trabalha além do tempo de trabalho necessário são rotuladas por Marx de “tempo de trabalho excedente.”

    Assim como o ‘tempo de trabalho excedente’ representa a fonte de ganho do dono de um escravo, ele também representa, de acordo com Marx, a fonte de lucro do capitalista.

    Quando o trabalhador trabalha 12 horas para um capitalista, seu trabalho, de acordo com Marx, acrescenta aos materiais e aos outros meios de produção consumidos na manufatura do produto final um valor intrínseco correspondente a 12 horas de trabalho. E, por sua vez, se estes materiais e outros meios de produção demandaram 48 horas de trabalho para serem produzidos, então o produto final conterá estas 48 horas de trabalho mais as 12 horas adicionais de trabalho desempenhado pelo trabalhador. O produto final, portanto, terá um valor total correspondente a 60 horas de trabalho.

    Sendo assim, o processo de produção, de acordo com Marx, resultou em um acréscimo de valor igual às 12 horas de trabalho do trabalhador. Este valor adicionado pelo trabalho do trabalhador será dividido entre o trabalhador e o capitalista na forma de um salário para o primeiro e de um lucro para o último. O valor que o capitalista deve pagar como salário, diz Marx, é determinado pela aplicação de um princípio supostamente universal de valoração da mercadoria — a saber, a teoria do valor-trabalho.

    O capitalista irá pagar ao trabalhador um salário correspondente às horas de trabalho necessárias para produzir suas necessidades — em nosso exemplo, 6 horas — e irá embolsar o valor acrescentado pelas 12 horas de trabalho do trabalhador. Seu lucro será aquilo que sobrar após deduzir o salário do trabalhador, e irá corresponder exatamente ao ‘tempo de trabalho excedente’ do trabalhador.

    Este exemplo pode ser facilmente expressado em termos monetários ao simplesmente assumirmos que cada hora de trabalho efetuado na produção de um produto corresponde a $1 acrescentado ao valor do produto. Assim, os materiais e os outros meios de produção utilizados valiam $48, e o produto resultante da aplicação de 12 horas de trabalho do trabalhador vale $60. As 12 horas de trabalho do trabalhador acrescentaram $12 ao valor do produto.

    O lucro do capitalista supostamente advém do fato de que, para as 12 horas de trabalho efetuadas pelo trabalhador, com seu correspondente acréscimo de $12 ao valor do produto, o capitalista paga um salário de apenas $6. Este valor corresponde ao tempo de trabalho necessário para produzir as necessidades de que o trabalhador precisa para desempenhar suas 12 horas de trabalho. O lucro do capitalista, portanto, representa a “mais-valia”, que corresponde ao “tempo de trabalho excedente”.

    A razão entre a mais-valia e o salário, ou entre o ‘tempo de trabalho excedente’ e o ‘tempo de trabalho necessário’, é rotulada por Marx de “taxa de exploração”. Nesta ilustração ela é de 100% — ou seja, $6/$6 ou 6 hrs./6 hrs.

    Ainda segundo Marx, uma combinação entre a ganância dos capitalistas e as forças que tendem a reduzir o lucro em relação ao capital investido faz com que os capitalistas aumentem a taxa de exploração. Se os trabalhadores são capazes de trabalhar 18 horas por dia utilizando as necessidades produzidas em apenas 6 horas por dia, então a jornada de trabalho será elevada para 18 horas por dia. Se os salários que os capitalistas pagam para seus empregados homens for o suficiente para permitir que estes sustentem uma esposa e duas crianças, então os capitalistas irão reduzir os salários para forçar mulheres e crianças a irem trabalhar nas fábricas, dando assim aos capitalistas o benefício de auferir mais ‘tempo de trabalho excedente’ e mais mais-valia.

    Os capitalistas também supostamente irão se esforçar para baratear a dieta do trabalhador, substituindo trigo por, digamos, arroz ou batatas, desta forma reduzindo o ‘tempo de trabalho necessário’ e aumentando a fatia do dia de trabalho que passa a ser ‘tempo de trabalho excedente’. As condições de trabalho, desnecessário dizer, serão sempre horríveis, uma vez que seu aprimoramento geralmente viria à custa de uma redução na mais-valia.

    Esta suposta situação de salários de subsistência — aliás, de salários abaixo da subsistência —, jornada de trabalho desumana e condições precárias, além de crianças trabalhando em carvoarias, seria o resultado do funcionamento do capitalismo e da busca pelo lucro, diz Marx, tendo por base sua teoria da exploração.

    À luz da teoria da exploração, os capitalistas devem ser considerados inimigos mortais da esmagadora maioria de humanidade, merecendo ser colocados contra paredões e fuzilados — exatamente o que aconteceu sempre que os marxistas tomaram o poder em algum país.

    Os capitalistas, e não os trabalhadores, são os produtores principais

    Ao contrário do que diz a teoria da exploração, e ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, os assalariados que os supostos exploradores capitalistas empregam não são os produtores principais dos produtos manufaturados por uma empresa. Assim como Cristóvão Colombo foi o descobridor da América, e não os marujos que tripulavam os navios e que foram seus auxiliares na realização de seus (de Colombo) planos e projetos, os capitalistas é que são os produtores principais dos produtos produzidos por suas empresas.

    Os empregados do capitalista podem ser mais corretamente descritos como “os auxiliares” na produção dos produtos do capitalista. Os lucros do capitalista não representam uma dedução daquele valor que, segundo Marx, pertence por direito aos trabalhadores na forma de salários. Os lucros representam aquilo que o capitalista ganhou em decorrência principalmente de seu trabalho intelectual, de seu planejamento e de suas decisões. O capitalista produz um produto próprio, embora utilize a ajuda de terceiros cuja mão-de-obra ele emprega com o propósito de implementar seus planos e consequentemente produzir seus produtos.

    Sendo assim, por exemplo, Henry Ford era o produtor principal na Ford Motor Company; John D. Rockefeller, na Standard Oil; Bill Gates, na Microsoft; Jeff Bezos, na Amazon; e Warren Buffet, na Berkshire Hathaway.

    Marx teve sim uma grande ideia, a qual era em si totalmente correta, e que pode jogar mais luz sobre esta discussão. Esta sua ideia foi fazer uma distinção entre aquilo que ele chamou de “circulação capitalista” e aquilo que ele chamou de “circulação simples”. Mas Marx, infelizmente, ignorou por completo e contradisse totalmente as reais implicações desta sua ideia.

    Aquilo que todos os “capitalistas exploradores” praticam é a circulação capitalista. A circulação capitalista, como Marx a descreveu, é o gasto de dinheiro, D, para a compra de materiais, M, que serão utilizados na produção de produtos que serão vendidos por uma quantia maior de dinheiro, D’. A circulação capitalista, em suma, é D-M-D’. Se os capitalistas exploradores deixassem de existir, e a circulação capitalista desaparecesse do mundo, os sobreviventes entre aqueles que hoje trabalham como assalariados estariam vivendo em um mundo de circulação simples, isto é, M-D-M. Ou seja, sem ter com o que gastar inicialmente seu dinheiro, eles tentariam imediatamente produzir materiais, M, os quais eles venderiam em troca de dinheiro, D, o qual, por sua vez, eles usariam para comprar outros materiais, M.

    Os capitalistas não são os responsáveis pelo fenômeno do lucro, mas sim pelo surgimento dos salários e dos custos

    Tanto Marx quanto Adam Smith, que veio antes de Marx, presumiram erroneamente que, em um mundo de circulação simples — o qual Smith chamou de “o estado rude e primitivo da sociedade” —, todas as rendas obtidas eram salários. Para eles, não havia lucro neste modelo. O lucro, segundo eles, só passou a existir quando surgiu a circulação capitalista. Mais ainda: o lucro seria uma dedução daquilo que originalmente era salário.

    Mas a verdade é que, em um mundo de circulação simples, o que está ausente não é o lucro, mas sim os gastos monetários — o D inicial — com o pagamento de salários e com a aquisição de bens de capital, e que são computados como custos de produção.

    Um mundo de circulação simples seria um mundo em que não há custos de produção mensurados em termos monetários. Seria um mundo em que os gastos com materiais — utilizando-se dinheiro obtido com a venda de outros materiais — constituiriam receitas para os vendedores destes materiais. E estes vendedores, dado que eles não tiveram nenhum gasto anterior para obter os materiais que estão vendendo, não teriam de computar nenhum custo de produção em termos monetários. Eles teriam apenas receitas de venda. Seria, portanto, um mundo em que o trabalho é a única fonte de renda. Mas um mundo no qual toda a receita auferida pelos indivíduos é um lucro, e não um salário. Seria um mundo de trabalhadores produzindo produtos primitivos e escassos, pelos quais eles receberiam receitas de venda das quais eles não teriam custos para deduzir. Sendo assim, estas receitas representariam o lucro total.

    O surgimento da circulação capitalista, portanto, não é responsável nem pela dedução dos salários e nem pelo surgimento do lucro. Ao contrário: ela é responsável pela criação dos salários, pelo surgimento dos gastos com bens de capital e pelo surgimento dos custos de produção mensurados em termos monetários. Estes custos serão deduzidos das receitas, produzindo então o lucro. As receitas de venda, no cenário anterior, representavam o lucro total. Não havia custos a serem deduzidos das receitas. Agora, com o surgimento da circulação capitalista, surgiu o salário dos trabalhadores, os quais são deduzidos dos lucros dos capitalistas. Portanto, primeiro surgiu o lucro; só depois é que surgiu o salário. É o salário que é deduzido do lucro dos capitalistas, e não o lucro que é deduzido do salário dos trabalhadores.

    Quanto mais economicamente capitalista for o sistema econômico, no sentido de um maior grau de circulação capitalista — isto é, uma maior proporção de D em relação a D’ —, maiores serão os salários e os outros custos em relação às receitas, e menores serão os lucros em relação às receitas. Ao mesmo tempo, se o sistema econômico permitir que os capitalistas se concentrem mais na compra e, consequentemente, na produção e na oferta de bens de capital, este aumento na oferta de bens de capital levará a um aumento na produtividade da mão-de-obra e a um aumento generalizado na capacidade de produção. A oferta de produtos crescerá em relação à oferta de mão-de-obra e, com isso, os preços cairão em relação aos salários. O resultado é que os salários reais aumentarão e continuarão aumentando enquanto a produtividade da mão-de-obra continuar crescendo.

    Portanto, no que concerne à relação entre capitalistas e assalariados, a verdade é exatamente o inverso daquilo que é alegado pela teoria da exploração. Os capitalistas não deduzem seus lucros dos salários dos trabalhadores; os capitalistas são os responsáveis pelo surgimento dos salários. Sendo um custo de produção, os salários são deduzidos das receitas, as quais, na ausência de capitalistas, representariam o lucro total. Logo, pode-se dizer que os capitalistas são os responsáveis pelo aumento dos salários em relação aos lucros e pela redução dos lucros em relação aos salários. Ao mesmo tempo, por meio do aumento na produção e na oferta de produtos, o que leva à redução de seus preços, os capitalistas aumentam o poder de compra dos salários que eles pagam.

    Isto não é nenhuma exploração dos trabalhadores assalariados. É, isto sim, a maciça e progressiva melhoria de seu bem-estar econômico.

    SE CHEGOU ATÉ AQUI, VOCÊ AINDA TEM SALVAÇÃO…….

    SOCIALISMO É A MANEIRA MAIS RÁPIDA DE ASSUMIR O PODER.

    • Eis o Gladimir, João Paulo, trazendo a ideologia burguesa de que é o proprietário dos meios de produção o grande responsável pela produção das riquezas. Entretanto, basta uma greve dos operários em uma empresa que os “geniais” intelectuais burgueses, dirigentes das fábricas, não produzem mais uma agulha, seus prejuízos são gigantescos em um único dia de greve. Prova cabal de que as riquezas não são produzidas pelos geniais capitalistas, mas pelos trabalhadores. O que aqui foi escrito é tão só uma conversa fiada de capitalista anti-marxista. É claro, Marx está certo. Mas como falar o que se quer é permitido, ainda bem, deixemos os teóricos burgueses defenderem suas teses falsas.

  2. Professor Gílber!
    Novamente arguto e rascante em seu sarcasmo (o qual vários ainda não perceberam), típico de todo socialista. Jamais tive a pretensão feito você de impor ideologias, simplesmente como o que propõe o site, é livre para críticas. Simplesmente estou dando a oportunidade para ver o outro lado perverso do socialismo, para que os leitores tirem suas próprias conclusões. Qual o problema de ser anti-comunismo? Mil vezes não ao totalitarismo. Quer ser comunista seja. Não quero ser seu pesadelo. Perdendo a compostura, de Gílberzinho paz e amor? Esqueceu que você se intitulou o “EXEMPLO” a ser seguido?
    Seguindo seu “exemplo”: Aviso que sou conservador, radical e intolerante. Pois minhas idéias descritas em meus comentários são: o direito a vida, liberdade religiosa, respeito as tradições, respeito a família, liberdade, livre mercado, direito a defesa, moral não relativista, responsabilidade pessoal, taxação mínima, limites governamentais, contra um estado burocrático, limites do estado e defesa da propriedade privada. Portanto contra a teoria de Marx. O capitalismo tem sim seus defeitos, mas ainda é superior aos arranjos do socialismo, A própria história prova isso. PORTANTO SOCIALISMO É A MANEIRA MAIS SÁBIA E RÁPIDA DE ASSUMIR (TOMAR) O PODER.

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