Greve de massa ou greve de vanguarda? Uma polêmica necessária. O exemplo da greve dos trabalhadores em educação de São Paulo!

A derrota dos Trabalhadores em Educação do Estado de São Paulo, em sua recente greve, tem responsabilidade da direção do movimento. E temos de ter teoria para superar esses erros amadores do movimento. Ora, apesar de insatisfeitos com as políticas do governo PSDBista, não houve uma disposição massiva necessária para enfrentar tal governo, usando a tática da greve por tempo indeterminado. As condições objetivas para a greve estavam e ainda estão dadas, salários abaixo das necessidades dos trabalhadores em educação, contratações precárias, não implementação de 1/3 da jornada extraclasse, etc. Contudo, a despeito das condições objetivas e da necessidade da greve, o movimento não conseguiu aglutinar as condições SUBJETIVAS necessárias para sustentar uma greve por tempo indeterminado. Saudamos os novos lutadores que surgiram no seio desse processo, mas, lamentavelmente, as direções das correntes majoritárias da APEOESP (Articulação, PSTU, setores do PSOL, PCO, LER) conduziram esses bravos novos ativistas para uma posição camicase, qual seja, sustentando uma greve vanguardista de minoria, ao invés de apostar na construção de uma greve de massas. Resultado: derrota!

Qual o problema dessa concepção de greve da maioria das direções do movimento? Conduziram a categoria para o caminho da derrota. Desde o começo da greve grande parte da base das escolas seguiu trabalhando. Ora, é impossível derrotar qualquer governo estadual ou qualquer patrão com a greve de uma vanguarda minoritária, enquanto a maior parte da categoria permanece dentro das escolas, nas fábricas nem se fala, são todos demitidos. Os fatos demonstraram que a maior parte da categoria não estava preparada, nesse momento, para sustentar uma greve por tempo indeterminado, logo, foi amadorismo teórico-político conduzir a vanguarda de luta para o aventureirismo político. Pergunta: alguém acredita que com greve de minoria arrancaremos alguma negociação satisfatória com qualquer governo ou com qualquer patrão? Essa é o grande ponto cego dos grupos vanguardistas impressionistas que, insistindo em uma greve sem as massas, conduzem a vanguarda para o matadouro. Não compactuamos com essa política. Infelizmente, até a Esquerda Socialista embarca alegremente nessa onda amadora.

O que fazer em situações como essa, em que as massas não vêm para a greve? Insistir em uma greve de vanguarda minoritária ou suspender a greve e continuar mobilizando a categoria para se tentar uma greve mais forte e de massas em um momento futuro? Devemos seguir tentando mobilizar os trabalhadores até encontrarmos as condições subjetivas necessárias para arrancarmos negociações concretas dos governos. É um erro sustentar uma greve de minoria. Deve-se seguir preparando a construção de uma greve de massas para um próximo momento, evitando-se o aventureirismo camicase dos supostos “grandes lutadores” que, no fundo, ao serem favoráveis à greve de minorias, conduzem a vanguarda de luta para a derrota. Qual o problema em subir em um palanque de assembleia de 4000 pessoas e dizer a verdade aos trabalhadores? Nós, socialistas livres, não temos esse medo: lutamos guiados por teorias revolucionárias marxistas e não guiados pelo medo de não ser amado pelas vanguardas.

Por: Gílber Martins Duarte – Socialista Livre – Conselheiro do Sindute-MG e diretor da subsede do Sindute em Uberlândia – Professor da Rede Estadual de Minas Gerais – Doutorando em Análise do Discurso/UFU – Membro da CSP-CONLUTAS.

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5 respostas para Greve de massa ou greve de vanguarda? Uma polêmica necessária. O exemplo da greve dos trabalhadores em educação de São Paulo!

  1. Celso disse:

    Muito boa a reflexão, é exatamente o que pensamos sobre a condução do movimento recente. Greve sem base, movimentos sem massa, são fadados ao fracasso. Abraços.

    • Celso disse:

      A lucidez das colocações do Gilber surpreender pelo fato de ser de outro estado e poucas pessoas por aqui mesmo em SP perceberem isto. Todo balanço é necessário, avaliar os acertos e erros dos trabalhadores, para não mais cometer os mesmos erros primários de sempre que a direção da APEOESP vem cometendo e “entregando” de bandeja para o Governo, sem obter conquistas significativas nas últimas greves, como a de 2010 e na recente. É necessário dizer a verdade para os trabalhadores: não serão “iluminados” ou uma vanguarda heróica ou mártir, fechados em seus egos, que trarão as conquistas: “A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios”, como já disse o Marx.

      • Celso disse:

        E apenas mais uma colocação, não para concluir, mas para continuar o debate O interessante é perceber como persiste a cegueira, o praticismo e o ativismo e um menosprezo pela teoria, além dos defeitos apontados pelo Gilber (vanguardismo, espontaneismo, voluntarismo etc). A práxis é fundamental, teoria e ação, se complementam, na boa concepção marxiana, assim como Lenin já afirmara, que não há ação revolucionária sem teoria revolucionária. Falta o sindicato fazer um balanço mais aprofundado, não faz formação sindical e política, entre outras carências.

  2. Thais C disse:

    Essa é uma triste verdade, mas infelizmente em São Paulo, não consigo ver nem a possibilidade de greve de massa no futuro, os educadores simplesmente se perdem em amarguras individualistas sobre a carreira e no final optam pela exoneração ou acumular o cargo com as prefeituras dos municípios de São Paulo e Barueri que pagam um pouco melhor.
    O cenário é triste, o silêncio é gritante…Os professores “Os” tem um medo absurdo de perderem seus contratos, por isso abaixam a cabeça derrotados, os professores “F” possuem um medo absurdo de perderem a estabilidade que possuem, por isso se calam, os Efetivos antigos não veem a nova condição trabalhista da educação como algo que tenha a ver com eles e estão preocupados com licença prêmio e aposentadoria…Os novos efetivos, buscam novas alternativas de trabalho e renda e veem o trabalho no estado como algo emergencial e temporário…No meio disso palavras e ações pulverizadas de greve, protestos… reivindicações…

  3. Jose de Jesus Costa disse:

    Por falar em greve, por acaso você participou dela? Não sei de onde você teve essas informações. Alias, gostaria de saber se sua casa a cobertura é…, preciso levar em consideração que esse discurso é de alguém que se quer participou da greve, muito menos fez algo para que ela acontecesse, portanto, a avaliação que eu faço é que agora aparecerá os oportunistas de plantão para tirar proveito. Por acaso ser contra a greve ou a favor dela em condições objetivas é crime. Não aceito o ônus do “fracasso” do movimento, meu trabalho foi feito.

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