Estado grande? Fala sério!

Com a crise econômica atual, começa a circular nas análises econômicas da mídia burguesa, e, inclusive, em falas de dirigentes petistas, que o estado brasileiro gastou demais, assumiu responsabilidades públicas demais, e que país nenhum consegue manter-se economicamente com o “excesso de gastos públicos” e de tabela com o tamanho excessivo do estado. Não é a toa que o PT comprou a ideia do “ajuste fiscal” proposta pelos economistas da burguesia, ou seja, embarcaram no conto de carochinha do neoliberalismo. A social-democracia se reinventa ao sabor do capitalismo. E assim se endireita cada vez mais em suas reinvenções.

Ora, tais discursos circulam como se fossem verdadeiros e inquestionáveis, e, dia após dia, cresce o discurso de que a culpa da crise econômica dos países, incluso o Brasil, estaria relacionada ao tamanho excessivo do Estado. Quando até os ditos sociais-democratas começam a fazer esse discurso do estado mínimo a ideia que se passa é que a capitulação política ao domínio ideológico da burguesia tem avançado cada vez mais sobre as lideranças inclusive dos que dizem falar em nome dos interesses da classe trabalhadora.

Vamos tomar o caso concreto do Brasil. O estado brasileiro aumentou ou diminuiu?  Está claro que o estado brasileiro diminuiu, nos últimos anos, não aumentou. É verdade que o governo petista aumentou os gastos com programas sociais voltados para atender à classe trabalhadora mais miserável economicamente. Porém, nunca se privatizou tanto no Brasil dos últimos anos.

Perto das políticas de privatização dos governos de FHC e do PT, o estado brasileiro da ditadura militar era socialista, em termos de tamanho e de controle da economia. Qual o grande problema desse vendaval privatizante dos sociais-democratas? Ao crescer os gastos sociais, como o PT tentou fazer, mantendo-se os setores estratégicos da economia nas mãos da iniciativa privada, obviamente que isso uma hora iria explodir, bastaria uma queda na taxa de lucros da burguesia. E isso está ocorrendo, a burguesia não lucra mais como antes, e, por sua vez, o estado não arrecada mais como antes em impostos. É falacioso o discurso de que estamos gastando muito. Na verdade, não estamos gastando muito, está-se arrecadando pouco com a economia estatal praticamente dependente de impostos para manter-se de pé. Gastar muito com o povo não é um crime, ao contrário, é um mérito, é investir na vida, no bem estar das pessoas. O problema é ficar dependente das empresas privadas para arrecadar impostos.

Podemos gastar com o povo, com a escola pública, com a saúde pública, com o Bolsa Família, com o Minha Casa, Minha Vida, com a Reforma Agrária, com a luta das mulheres contra a opressão, com a luta dos negros e homossexuais contra a opressão, com o passe livre para os estudantes, etc., mas não podemos ficar à mercê de impostos da burguesia para financiar esses programas. Os que fazem o discurso de que o estado brasileiro é grande omitem o fato de que a Vale do Rio Doce foi privatizada e não reestatizada, o que impediu de esta empresa colocar seus recursos a serviço da população. Omitem o fato de que uma das maiores sirerúrgicas brasileiras, a CSN, foi privatizada. Omitem que a Petrobrás agora é uma empresa mista que é administrada por grande fatia de capital privado, e que esse capital não mais financia os gastos do estado brasileiro. Omitem que houve bancos estatais privatizados, companhias hidrelétricas privatizadas, diminuindo, portanto, possibilidades de aumentar o caixa financeiro do estado público brasileiro.

Quanto mais as empresas privadas dominam economicamente um país, mais vulnerável vão ficar os recursos financeiros do estado desse país, porque os empresários não querem pagar impostos para os governos gastarem com o povo. O discurso de parte do empresariado brasileiro, por exemplo, quer é derrubar Dilma Rousseff, pois, para eles, o governo cobra muitos impostos, tornando insustentável o crescimento econômico de suas empresas. Sem contar que os empresários capitalistas sonegam e fazem de tudo para evitar financiar o estado através de impostos. E assim temos um estado cada vez menor, com cada vez menor controle da economia.

Existe o discurso começado na época do governo FHC de que o serviço público, o funcionalismo público é corrupto e preguiçoso. Sendo corruptos e preguiçosos, as empresas estatais dariam prejuízo e não lucro para o estado financiar os serviços públicos prestados à população. Ora, esse discurso apenas serviu para destruir e reduzir o poder do estado brasileiro. Deu no que deu. Em crise econômica do capitalismo, o estado brasileiro é fraco, pois depende da boa vontade do empresariado pagador de impostos.

Agora vem nos pregar esse discurso de que o estado brasileiro é grande. Que bobagem. Ou seria mesmo uma maldade? Querem diminuí-lo ainda mais?

O estado brasileiro não é grande, ao contrário, é pequeno em termos de domínio estratégico da produção econômica. O estado brasileiro privatizou demais e agora está todo nas mãos dos impostos diminuídos e sonegados pelo empresariado brasileiro que, em crise econômica, só pensam em salvar suas peles, e não querem destinar nenhum centavo para financiar-facilitar a vida da classe trabalhadora que depende do estado para continuar viva.

Os que compram esse discurso de que o estado deve ser mínimo apenas vão cavar ainda mais fundo o fosso da divisão de classes brasileira e mundial. De um lado, os ricos, de outro lado, um bando de miserável desamparado à mercê da sorte ou da falta dela. Vejam em São Paulo: até a escola pública o tucanato resolveu fechar.

Não se deixem enganar por essa mentira de que o estado brasileiro é grande e que deve reduzir seu tamanho e seus gastos! Fala sério!

Por: Gílber Martins Duarte – Militante SOCIALISTA LIVRE da Frente Resistência – Sind-UTE/Uberlândia/MG – Doutor em Análise do Discurso/UFU – Professor da Rede Estadual de Minas Gerais –EDITOR DO BLOG www.socialistalivre.wordpress.com

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4 respostas para Estado grande? Fala sério!

  1. Coxinha disse:

    O Brasil é uma ilha de iniciativa cercada de governo por todos os lados. O socialismo que depende de um Estado inchado é um erro intelectual, como também é uma impossibilidade científica. O socialista acredita ser genuinamente capaz de superar o problema da impossibilidade da coleta, da apreensão e da utilização de informações dispersas, problema esse que desacredita totalmente a essência do sistema que ele defende. Por isso, o socialismo sempre decorre do pecado da soberba intelectual. Por trás de todo socialista há um arrogante, um intelectual soberbo. E isso é algo fácil de constatarmos ao nosso redor.
    O socialismo não é somente um erro intelectual. É também uma força verdadeiramente antissocial, pois sua mais íntima característica consiste em violentar, em maior ou menor escala, a liberdade empresarial dos seres humanos em seu sentido criativo e coordenador. E, como é exatamente isso o que distingue os seres humanos dos outros seres vivos, o socialismo é um sistema social antinatural, contrário a tudo o que o ser humano é e aspira a ser.

    • Coxinha disse:

      O grande poeta português Fernando Pessoa define o comunismo nestes termos: “O comunismo não é um sistema: é um dogmatismo sem sistema – o dogmatismo informe da brutalidade e da dissolução. Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós.
      O comunismo não é uma doutrina porque é uma antidoutrina, ou uma contradoutrina. Tudo quanto o homem tem conquistado, até hoje, de espiritualidade moral e mental – isto é de civilização e de cultura -, tudo isso ele inverte para formar a doutrina que não tem”
      “Em seu livro A Arrogância Fatal, Hayek diz que, na realidade, o socialismo é a manifestação social, política e econômica do pecado original do ser humano, que é a arrogância. O ser humano sempre teve o devaneio de querer ser Deus — isto é, onisciente.”
      Exato. O Socialismo, Comunismo e seus sub-ismos são todos derivados dessa constatação de Hayek. São males decorrentes do pecado original, um castigo divino onde homens sempre serão dominados por outros homens… Nossa tarefa é lutar contra isso.

  2. Coxinha disse:

    Porque o Gílber é um pilantra mal intencionado: Todo comunista, sem exceção, é um canalha e um manipulador, pronto a elevar-se ao estatuto de assassino e genocida tão logo, inchado de orgulho, seja convocado a isso pelo clero revolucionário. Ninguém jamais se tornou comunista por amor aos pobres, por idealismo humanitário ou por qualquer outro motivo elevado. Todos entraram nisso movidos pelo desejo de enobrecer-se e beatificar-se pela prática do mal transfigurada em virtude partidária. O comunismo não explora os sentimentos mais altos, e sim o mais baixo de todos, que é o desejo de inverter o senso moral para que cada um se sinta tanto mais santo quanto mais se emporcalhe na mendacidade e no crime.

    • Socialismo é o C..... disse:

      Concordo com o colega …… Não vou nem entrar no mérito do socialismo real vivido pela URSS, que matou mais de 30 milhões de pessoas somente naquele país, e se juntarmos todos que aplicaram esse sistema, mais de 100 milhões, sem contar a bizarrice que é por exemplo a Coréia do Norte…. O que eu me divirto vendo hoje em dia, são “socialistas” (hipócritas com certeza), utilizando redes sociais como facebook (KKKKK), a cada minuto, fazendo postes criticando o imperialismo americano, o consumismo, porém trocam de carro todo ano e com smartphones de ultima geração….. Essa praga de socialismo deveria ser exterminada do planeta…..

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